Antes das cidades de asfalto e concreto serem erguidas, qual a vida que aqui existia?
Antes do Espanhol e do Português se tornarem os idiomas dominantes, que línguas aqui predominavam?...
– Povos Indígenas da América Latina –
Um antigo ditado indígena ensina: “Anda com mansidão sobre a terra – ela é sagrada.”
O que significa “andar com mansidão sobre a terra”?
Como proceder para senti-la sagrada?
O resgate do senso de orientação. A capacidade de acolhimento.
Um ponto de vista solidário.
A ancestral sabedoria indígena.
O cuidado com a Natureza.
E o cuidado com a Vida.
Menino da etnia Manoki aprende a tocar a flauta sagrada, durante ritual de iniciação.
Por algumas semanas, todos os meninos entre 12 e 14 anos da aldeia são reunidos para as festividades, rituais e cerimônias que marcam o rito de passagem para a idade adulta. Complexas e riquíssimas tradições – mitos e cosmovisões transmitidos através de símbolos, ritos, cânticos, danças e histórias.
Transmissão de valores regionais, comunitários e espirituais.
Os mistérios e os segredos que embelezam e banham de sentido e significado a jornada terrena.
O Sopro que no âmago do sopro reside.
O Silêncio que no coração do silêncio habita.
Mistérios...
Uma espiritualidade que, diferentemente da nossa, permeia todos os aspectos e todas as horas do dia.
O olhar amoroso e acolhedor para com a vida, em todas as suas manifestações e formas.
Menina da etnia Ache brinca com um filhote de porco-do-mato. Canindeyú, Paraguai
Diversas tribos indígenas mantêm um antigo costume de adoção de pequenos animais órfãos. Porcos-do-mato, quatis, macacos, preguiças e aves – criados como se fossem parte da família. O sagrado pulsar da Vida.
“Anda com mansidão sobre a terra –ela é sagrada.”
Todos os valores esquecidos e ignorados pelo nosso mundo “civilizado”, que necessitamos reaprender e resgatar.
Valores estes tão presentes e vivos nas culturas indígenas.
O respeito pelos mais velhos.
O cuidado para com as crianças e a infância.
Nas comunidades indígenas, todo pequeno aspecto e ato do cotidiano – sejam as pinturas corporais, os ornamentos ou as cerâmicas –transpira a espiritualidade e a identidade ancestral.
A anciã mexicana, da etnia Temoaya, nos dirige o olhar. A ancestral sabedoria acumulada. Os saberes e a herança étnica. O mundo que ela vê, quão diferente é do que os nossos olhos enxergam. Se sentássemos para ouvir as suas palavras, possivelmente nos diria:
“É preciso ter mais cuidado com o nosso planeta.”
“É preciso ter mais cuidado com a Vida.”
“Cuidai da infância – com mais atenção, amor e carinho.”
“Diante do atual descuido com o presente, que futuro podemos esperar?...”
A pequena índia rema suavemente. Na serenidade do seu riso, e por meio da alegria em seu olhar...ela nos recorda que, para além da nossa atribulada rotina moderna, existem outros valores, outras formas de se viver a vida. Outras alegrias, e uma nova esperança. Um outro mundo, impermeável às palavras. É preciso coração para habitá-lo. Nele, nem a vida teme a morte, nem a primavera ao outono dá lugar.
“Siga sua bem-aventurança.” Joseph Campbell
Pequenas índias da etnia Quechua - Incuyo, Peru
Pequeninos olhos da etnia Aymara - La Paz, Bolívia
Menina da etnia Pai Tavyterã - Paraguai
Menina da etnia Waorani (ou Huaorani) - Equador
E ao cuidarmos, respeitarmos e valorizarmos a cultura indígena...talvez também estejamos cuidando daquilo de mais valioso que possuímos:
A essência do nosso próprio ser. Um resgate daquilo que confere vida à nossa alma.
O Sopro, o Silêncio e a Vida.
fonte: Formatação: um_peregrino@hotmail.com
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